POESIA MISERICORDIOSA

Cavalgando num unicórnio alado d’um branco de paz,

Trago para a tormenta que te veste na vil infelicidade,

Um sabre de ouro de afiado corte...

Transformo-lhe em guerreira da presa mente que te faz,

Alucinando o coração valente desgarrado, ré da saudade,

Antes que penetres em suma morte.

Da água das fontes do meu cantil prateado, tomas um gole,

Enfeitiçada pelas premissas do tempo tombas e adormece,

Quão uma princesa, a mais bela!

Da cantoria emancipada pelos uivos dos ventos, feito sopro d'um fole,

Cada dia mais a tragar-lhe e mesmo que fujas, o chão te desaparece.

Vida que não é mais tua, és dela.

Do sabre que agora empunhas, ceifa a discórdia e a vã fantasia;

Espalhas a dor da verdade e colhes tristes as mentiras pungentes,

Levas mensagem no peito ardido...

De tanto amor que derramas onipresentes, faz-te Deusa magia;

Que queima e mata as promessas de quaisquer almas errantes...

Na terra que tinhas orgulho ferido

Mais que sábia, deixas nobres indagações maduras nas palavras,

Costuradas num corpo que não é seu e que sobe em três altares...

Neste primeiro, o da falha justiça...

Que te consome em raiva e te cospem incertezas de muitas travas,

O segundo que escalas, é a tristeza que invade os mundos e lares,

O último..., a loucura que te atiça.

Mata-me, mata-me, ó poesia! Diz pra mim nos seus tantos enredos,

O que é uma vida que nada vale sem uma razão, uma cor sem mão,

A pintar o arco-íris na minha morada.

Ressuscita-me ó poesia! Tiras de mim essa pele seca, os meus medos,

Brota-me em flores cheirosas o que foi asco nas torturas dessa solidão,

Exploda-me feliz no fim desta jornada.

Setedados
Enviado por Setedados em 01/03/2011
Reeditado em 06/03/2011
Código do texto: T2821271
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