A arte do refúgio
Os pincéis, meus dedos longos
Criam figuras invisíveis
Dentro de uma refratária realidade
Água viva em busca de abrigo
Coral inacabado pela natureza
Pedaço de sentimento levado pelas ondas
Onde esconder tamanha sensação
Nem nome posso dar a essa coisa descoberta
Quero retratá-la no azul, no meu azul
Coroá-la de doces horas sorrateiras
E ainda assim, dessa maneira
Converter o instante em eternidade
Multiplicar segundos inexatos de felicidade
Escrever como quem bebe água limpa
Derramar sobre o tempo essa história
É construir um passado com memória
Meu passado é inevitável e belo
Agora sou mais rica de momentos
Mais um para recordar eternamente
Dentre tantos em que fui e não voltei
Fiquei ali, sentada na pracinha para sempre
Estarei ali sempre que eu quiser
Sou dona dos instantes que coleciono
Cofre aberto sem porta, sem janela...