TEMPOS LOUCOS / PESADELOS
TEMPOS LOUCOS
Acordei de manhã, meio morto, meio cru,
descabelado, faminto, meio nu.
Mordi o pão que o Diabo amassou.
Cuspi o café que o frio congelou.
Me olhei no espelho, pensei ser um bicho.
Olhei lá prá fora, o céu 'tava "um lixo".
Fui para a janela e vi lá embaixo
pontos e vírgulas, pessoas... eu acho!
Montes de coisas, de ferro, de estrume...
o ideal LIBERDADE, em giz num tapume.
E eu quiz voar prá longe de tudo,
ir ao fim do fundo,
ver o Inferno de perto.
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Lavo o rosto e já desperto
vejo que são dez "da matina"
e volto à minha chata rotina.
Sou Luiz Lobo Cordeiro Leão...
nem Homem, nem pássaro, nem avião !
"NATO" AZEVEDO
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PESADELO
Estava no quarto, baby !
Estava no quarto, baby;
estava no quarto, dei...tado.
Girava de costas, ficava de lado,
meu Deus, que calor, chegou o verão.
Ouvi um barulho, era um ruidão !
Não era um chiado e nem um miado,
fiquei paralisado... de medo.
Talvez fosse tarde, acho que era cedo
para gritar por socorro... e agora ?
Chamei minha esposa e a minha nora,
eu que nem sequer tenho mulher.
Seria um rato, quem sabe um gato
ou um desses "baratos" quaisquer.
Mas, era apenas o vento
e eu, cabeça-de-vento,
não raciocinei.
Pensei ser um fantasma...
era um gato com asma,
juro que me apavorei !
"NATO" AZEVEDO - (nov./1981)