Pré-invenção de Onofre
Reverência pelo passado da escritura é dispensável: uma criança sobrepõe o antigo com futuro e sem regramentos dá luz a fábulas
que te rubram de absurdos. E tipos como Onofre, tão boa foi a criação que o personagem de impossível se fez possível, para sua leitura.
Pensando bem ou em quase, neste Mundo um ser nunca é possível de existir. De fato, a não ser que alguém o invente pra livro. Com três tempos, todos líricos, mas doutrinados para explicações em analógico se de desistir de si.
Mas para marcar sólido que aconteceu, este foi justamente porque eu o quis, Onofre. Sim senhor! Feito de tinta e papel, que inventei e agora já podem analisar em psico-analises, freudiana.
E da concepção dessa vida - Onofre feito a ponta de grafite, arranhado na seda de folha avulsa, nasceu amarrotado. Um tanto amarelando ficou o personagem, que veio a contragosto seu. Mas que para o meu brincar está bem ajustado de gosto.
Onofre assim me veio e só podia nascer em agudo, pois que foi fendado num plano branco. De carne, músculos é o que mais lhe falta. E cor por tingir-se a face quando vergonhoso.
Mas o senhor mira bem: Onofre há de ter fibra e se bem racionalizado, é provável que o senhor lhe encontre qualquer coisa de humano. Que tem impulso e um bruto instinto por sólido ser.
Em sonhar Onofre, deixaram comigo no papel. O que mais há de querer um leitor por definição de personagem? E alegorias de palavras.
- Como disse? - De Onofre não tem paixão, de corpo flácido! E que lhe falta tudo mais a tecitura do caráter. E plausibilidade?
- Então, que quer um corpo denso para seus olhos apalpar?
Mas isso não se faz necessário. É de literatura a arte e o tudo das entrelinhas, que estela o autor! Pode conferir, veja-o no ato criação redigindo-se, o seu narrado traz conceito de inspirar paciência.