_____Vinho_____(série - as bebidas e a alma)
Inflama, oh líquido dionisíaco
Ébria seiva de mi´alcova delirante
Lisonjeira fagulha de paz ardífera
Deleitoso manjar d´alma infante
Embebo-me em tua tez sonífera
Sarcástico lume bacante
Qu´em pilhérias destrói mi´alma
Tecendo lanudas farpas inebriantes
Cavando sulcos em mia perpétua cava
Larvas pilosas, a fomentar-me cativante
Proclamada à luz da vociferação
Do deus lânguido e quimérico
Provo-te, oh carmim emanação
Bendito fruto de meu dúbil ego
Recôndita textura da satisfação
Resplandece o poeta aturdido
Entronando-o ao vale das ninfas
D´onde ressoa os alaúdes abusivos
Em notas destoantes às almas benquistas
Bendido fruto viceral e lascivo
Tua textura é o ardor vulcânico de tua coloração