O céu e o mar
Estamos distantes, entre nós existe um mar gigantesco e agitado que nos separa. O céu fica observando tudo, quando ele está escuro fica muito difícil enxergar o caminho que irei seguir. Agora, quando está claro, tudo se torna muito mais fácil, minha visão fica melhor e consigo sair sem medo de me perder.
Estamos de lados diferentes do mar; estou numa ponta e você em outra, mas essa distância me machuca. Eu posso nadar até você mesmo com todas as tribulações, porém, toda vez que nado, quando penso que estou chegando próximo de você, vejo que estou cada vez mais longe, você se afasta de mim de maneira bem sutil. Bem que poderia vir nadando na minha direção, infelizmente, isso não acontece.
O céu é testemunha de minha luta para chegar até você. Ele não zomba, apenas olha com tristeza minha tentativa frustrada de te querer. Não importa se muda da claridade para a escuridão, sei que continua triste, essa mudança só acontece para que eu não sinta suas lágrimas que inúmeras vezes é traduzida como podemos chamar de´´ chuva´´. Quase nunca chove em dias claros, é quase impossível chover em dias de sol. Pena que ele nunca chorou nos dias claros, até mesmo porque não teve motivo se quer pra isso.
O mar simplesmente me leva aonde quero ir, ele também é testemunha de todos os sacrifícios que faço para chegar até você, mas também dita o ritmo do meu trajeto, mostra a minha direção. É necessário cuidado porque o mar é traiçoeiro, nem sempre revela direção que se quer, ainda mais falando de amor. E tem que aceitar mesmo não querendo o caminho que esse mar nos leva.
Eu estou tendo que ir contra as divergências, contra tudo que não me faz bem só para estar com você, mas pra isso basta você me aceitar, e pelo que vejo e sinto, isso é pouco provável. O mar continuará gigantesco, a distância não vai se encurtar, muito pelo contrário, vai aumentar; o céu continuará escurecendo e clareando, e eu irei parar de nadar, antes que eu morra afogado.