Redesenho
Na penumbra do quarto estabeleço uma conexão
com a razoabilidade inamovível do meu âmago.
Tento em vão chorar, mas nenhuma lágrima
sai dos molhos molhados dos meus olhos.
Penso em cantar mas nenhuma melodia salta da garganta,
nenhuma música levanta a boca.
Tento me abstrair, mas o pensamento condensa a primazia
absoluta de estar aqui remoendo sentimentos.
Tento me decidir mas perco o rumo do prumo
e subo as escadas do porão.
Em vão substituo meus gritos,
expulso os mitos, desenho os ritos.
No chão camuflo a alma
e me faço de calma.
Na mão leio os dias
pensando nas pessoais teorias.
No espelho redesenho a pele,
querendo que a paixão libere
o que está guardado no peito
meio sem jeito.