TODAS AS CORES NO CINZA

A BALEIA JUBARTE ABRE A SUA BOCARRA
E A TEMPESTADE SE APROXIMA
POBREZINHO ESTOU SEM GUARDA-CHUVA
E A UVA CAI E RESVALA-ME EMBAIXO DA PARREIRA

TODAS AS CORES NO CINZA

A MADRUGADA ME CONSOME
TENTO ESCREVER VERSOS TRISTES
MAS O AMOR NÃO DEIXA ACONTECER
HÁ FELICIDADE TREMULANDO NO SEU VESTIDO

TODAS AS CORES NO CINZA

AGORA O SONO DEU UM SINAL
NÃO QUERO NÃO SOU EU QUE ESTOU AQUI
MINHA CARCAÇA SE ESCONDE NO TORPE
ENQUANTO A CIDADE SONHA COM AS FLORES

TODAS AS CORES NO CINZA

EXPIRO, INSPIRO NA VERDADE
NA VERDADE APNEIA QUE SUFOCO
LÚCIDO SIGO COM O AR MANDADO
ESPERANDO O FIM DA NOITE

TODAS AS CORES NO CINZA

VAGO NO TECLADO PRETO
COM AS LUZES QUE ESQUENTAM
MEU CHAPÉU DE ABA CINZA
PROTEGE SILENCIOSAMENTE A DOR QUE SINTO

TODAS AS CORES NO CINZA

QUEM ME DIZ NO ESPELHO DA VIDA
O QUE DEVO SER QUANDO CRESCER
POLÍTICO, JOGADOR DE FUTEBOL OU BANQUEIRO
QUEM ME DIZ O QUE EU NÃO DEVO SER

TODAS AS CORES NO CINZA

ME PERCO QUANDO ESTOU DENTRO DE MIM
DIFÍCIL SENSAÇÃO COM CURVAS ÍNGREMES
MOVIMENTO COMO NABUYA* SOBRE AS PEDRAS
A ONDA VEM E ME ACERTA

TODAS AS CORES NO CINZA



NABUYA*= ESPÉCIE DE CAMALEÃO NATIVO DO ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA-PE-BRASIL

( ... IMAGENS GOOGLE ... )

Moisés Cklein
Enviado por Moisés Cklein em 12/02/2011
Reeditado em 12/02/2011
Código do texto: T2786697
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