ELA
Odir, de passagem
Sonhei soneto
em branco e preto,
escolhendo cada palavra
como quem contempla contas
para compor um complexo colar.
Metrifiquei-o, consoei-o, pesei-o,
fi-lo sensível, melódico e dramático,
tendo por tema os tiquetaques do tempo.
Parei no parâmetro do posicionamento temporal.
Tempo pretérito, presente ou futurista?
Ela se foi, ela se vai ou talvez vá?
Tornei-o sem tempo atempado
e do soneto fiz um poema
sem lógica e sem nexo.
Sem sentir o sexo,
ela, que se ia,
ficou fria
e ficou!