O BEIJO DA ONDA
Se o meu fado é esta vida me levar,
Com suas ondas francas espumosas,
Ou se tudo arrasta o balanço do mar,
Sinto lágrimas rolarem vagarosas.
No tropel das ondas vaga o meu baixel,
Ávido de encontrar o seu porto seguro,
Mesmo com águas que encontram o céu,
Depois da linha tudo fica mais escuro.
Toco as algas, águas vivas ardentes,
Densidade destas águas arenosas,
Sentimentos se misturam quentes,
De amores línguas enleam-se mimosas.
E nas trevas me enredam o teu vulto,
Na captura da tua mística imagem,
Que as sensações criaram em oculto,
Num sonho etéreo de viagem.
Uma onda me molhou com um beijo,
Dando alento ao meu lânguido corpo,
Despertando em mim de novo o desejo
Dando vida ao meu ar de morto.
(YEHORAM)