A jornada de um ferido
Troco minhas sandálias empoeiradas pelo par de botas
Pois meu caminho à luz do poente torna-se pedregoso
Tu me deixas, nossos passos seguirão distintas rotas
Teu anjo vai doravante, guiar-te pelo atalho perigoso
Troco minha lanterna pela espada desembainhada
Antes vigiar insone, a ver ferido, o amor que parte
Lembranças são freio e impulso em minha caminhada
Ainda choro pela amada, mas abaixo Eros, viva Marte!
À noite fujo das matilhas famintas, persigo os ladrões
Mas brindo aos fantasmas, convidados em meu banquete
Ébria a vã felicidade pisa em falso em cai em meus porões
Sangro em delírio, pois para esta ferida não há torniquete
Mas eis que o dia chega, e a caminhar me ultrapasso
Troco tudo que possuo por asas fortes, um vôo bem alto
Das alturas melhor enxergo o amor além do fracasso
A queda renova e cura, mas a Eros, de novo sou incauto