Poema da Moça Demente
Poemas se avolumam;
diariamente renascem
dentro das horas.
Os versos recebem luz
nas páginas guardadas.
Inspirados, os olhos
seguem vaga-lumes.
Penetram o vazio da sala,
se encontra nas sombras
de espaços fechados.
Um céu aberto salva estrelas
nas mãos nos cabelos pintados;
as unhas desfiam nuvens.
Os pés descalços
descem as serras;
lavam-se nos rios
sagrados.
Alisam promessas
da terra molhada.
A moça demente se salva.
Apaga um poema escrito nas folhas
de um caderno vermelho cardeal.