O SOL
Remoto brilho de vida
que faz real a existência,
que germina a flor querida
em sinal de clamência.
Há quem lhe atribui divindade
a este dourado gigante,
que ao partir deixa saudade,
como deixa no peito a amante.
Prefiro ver em ti aliado,
que poder maior nos comanda,
que brilha no céu calado,
ao fitá-lo da minha varanda.
Bem cedo já radiante,
festeja o dia com os grilos,
com o seu sorriso gigante,
nos verdes pastos tranquilos.
Inconcusso fica em seu lugar,
quando cai a noite em negrores
e o meigo clarão do luar,
dormem por sua espera as flores.
São belos os seus raios, um instante,
mesmo na viração do dia o calor,
que as vezes fustiga o louro gigante,
mas fustiga de carinho e amor.
O mundo quer com ele os dias,
mais que se deseja alguma estação,
pois o seu brilho nos traz alegrias,
e a sua falta traz inundação.
(YEHORAM)