Outro amanhã
Cama cozinha banheiro
Nessa vida de espetáculos diários
Cada um se espelha nas aventuras
E tem a certeza de que se expande
Limitando-se a executar sem pesar
Até que as pernas se cansem
Os olhos lânguidos calmamente nervosos
Sugerem que em cada poeira acumulada
Há piamente a necessidade de cuidar
De manter o zelo dos tempos
Aquecendo o leite para o vento
Perdendo-se em especulações inúteis
Nesse vai e vem de possibilidades impossíveis
Cada canto levemente analisado
Toma alguma proporção de monstro palacial
Alguma voz que diz o que se deve ou não
Sempre a espera de alguém especial
Mas de que adianta essas belezas imprevisíveis?
Oh não! É um namoro escondido de criança
Trazendo em cada meia face, a brutalidade
Que os movimentos repetitivos deixam no coração
Esquecidos pelos lados escuros do telhado
Rebolando aos sons da água que desce
E de súbito lava as mãos
Até que o dia acabe
O corpo se deite
E sonhe com o mesmo dia, no outro amanhã.