Sombra sem matéria

Minha parte podre

Esconde-se atrás

De meus “doces” versos

Criei um círculo numa ilha sem farol

Com aflições e tristezas

Que hoje me denunciam e me aquecem

Sobre as estrelas das noites de lua

Sigo apagando uma a uma

Quero o terror dos momentos

A escuridão da solidão

Minha dor me alimenta

Me seduz lágrimas de sal

Nem sequer sou gente

Sou só a fantasia

Que esconde o corpo de alguém

É isso que sobrou

Do pouco de gente que fui

Porque preciso sangrar para ser feliz?

Sou carta fora e sem naipe

Uma sombra que se esconde

Num corpo poético qualquer

Gosto do momento que invento

Gosto do outro lado da mão

Coloquei espinhos na minha língua

Deserdei minha inspiração

Abraço quem passa descalço

Beijo as feridas que causei

Não quero voltar pra mim

Já fui tua insônia na noite vã

Meu hoje é isso aqui

Rabiscos no papel

Um tanto assim de fel

Não me olhe como se não acreditasse que sou ruim

Siga, não veja mais em mim

Nada de doce, sereno ou suave

Não quero ser encontrada

A chuva nem passou....

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 10/01/2011
Código do texto: T2720711