Sombra sem matéria
Minha parte podre
Esconde-se atrás
De meus “doces” versos
Criei um círculo numa ilha sem farol
Com aflições e tristezas
Que hoje me denunciam e me aquecem
Sobre as estrelas das noites de lua
Sigo apagando uma a uma
Quero o terror dos momentos
A escuridão da solidão
Minha dor me alimenta
Me seduz lágrimas de sal
Nem sequer sou gente
Sou só a fantasia
Que esconde o corpo de alguém
É isso que sobrou
Do pouco de gente que fui
Porque preciso sangrar para ser feliz?
Sou carta fora e sem naipe
Uma sombra que se esconde
Num corpo poético qualquer
Gosto do momento que invento
Gosto do outro lado da mão
Coloquei espinhos na minha língua
Deserdei minha inspiração
Abraço quem passa descalço
Beijo as feridas que causei
Não quero voltar pra mim
Já fui tua insônia na noite vã
Meu hoje é isso aqui
Rabiscos no papel
Um tanto assim de fel
Não me olhe como se não acreditasse que sou ruim
Siga, não veja mais em mim
Nada de doce, sereno ou suave
Não quero ser encontrada
A chuva nem passou....