Grito

Furtivamente estremeci um instante do tempo

De súbito levantei-me sem explicar

A proposição das aventuras de minha existência

Porque eram tão levemente intocáveis

Que o prazer de possuí-las me resignava

Abracei com calma aquela confusão de procuras

Com as mãos geladas tocava no corpo do vento

E numa necessidade tão intensa me limitava

A razão pela qual aprofundava-me em mim mesmo

Empalidecia-me

A vastidão de atos tão nervosos

Contrapunha com a simplicidade de seus significados

O que acontecia mesmo era a sonolência da alma

Dessas que agente não possuí por não tocar

Dessas que agente se desperta para observar

A certeza de atos tão cruéis

Fazia-me deslumbrar com as possibilidades

Calmamente ia lendo-me em espaços temporais iguais

Decifrando cada pedacinho de aproximação

Mas a frustração de não me saber endurecia-me

Nesses estágios de reconhecimento

O que se quer de verdade é o absoluto

É a sensação vaga e triste do silêncio

Em mim buscava com tantas forças essas sensações

Que de repente soltei um grito

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 24/10/2006
Reeditado em 24/10/2006
Código do texto: T271976