Grito
Furtivamente estremeci um instante do tempo
De súbito levantei-me sem explicar
A proposição das aventuras de minha existência
Porque eram tão levemente intocáveis
Que o prazer de possuí-las me resignava
Abracei com calma aquela confusão de procuras
Com as mãos geladas tocava no corpo do vento
E numa necessidade tão intensa me limitava
A razão pela qual aprofundava-me em mim mesmo
Empalidecia-me
A vastidão de atos tão nervosos
Contrapunha com a simplicidade de seus significados
O que acontecia mesmo era a sonolência da alma
Dessas que agente não possuí por não tocar
Dessas que agente se desperta para observar
A certeza de atos tão cruéis
Fazia-me deslumbrar com as possibilidades
Calmamente ia lendo-me em espaços temporais iguais
Decifrando cada pedacinho de aproximação
Mas a frustração de não me saber endurecia-me
Nesses estágios de reconhecimento
O que se quer de verdade é o absoluto
É a sensação vaga e triste do silêncio
Em mim buscava com tantas forças essas sensações
Que de repente soltei um grito