Vaidade
Vaidade,
O Espelho Cinzento
Corações sem alento
Contemplam-se sem certeza
Se no fundo podem ser vistos,
Medo e disfarce
Abrigo hostil
Onde mora
A beleza rutilante,
Acompanhada
Da certeza relutante
Levam consigo
A ingratidão do mundo vil
Exasperação sem intenção
E quando a sorte
Vem provar-lhes
A intrepidez,
Sem aviso ou clemência
A vaidade assenta-se
Sobre a própria reverência
Ela fala, incita, reclama
Imperatriz e soberana
Agita-se e conclama:
- Bravos Súditos
- Com amor os nutri
- Em meu sangue os redimi
- Somos um só corpo
- É chegada a hora
Mas ela esquece
Que o amor
É um bem pequenino
Que só se protege em
Coração benigno
Nele, não existe lei ou força
Ela se esquece
Que em terra de sentimentos latentes
Sua agudeza é vilão insolente
Não se confessa
Retira-se e amaldiçoa-os
Não lamenta, nem foge
A vaidade sobe as ruas
Sem olhar pra trás
Frágil, em sua composição
Forte em toda aparição
Envolta em toda pompa
Toda certeza que inflama
Sua dor,
Pendor sobre a infâmia,
De ser sobre o não ser
Equívoco de todo Ser,
Fronte ao espelho
Olhos que não se vêem
Mãos outrora na impavidez
Tentam agarrar-se na lucidez
Aquele mirador, que escondia-se
No canto do espelho
Que vinha contar-lhe
Os auspícios
É tão inaudito, desconhecido
A vaidade ainda acoita
Seus desatinos
Afeiçoa destino e escolha
Num mesmo bramido
De feras sonolentas
Que despertam
No fundo do espelho.