A gula

fale o que quiser

mas olhe nos meus olhos

sorria quanto puder

porém não solte minha mão

a dor de viver perigosamente

é o meu uniforme de soldado

a guerra amarra o meu sapato

faz do medo uma oração

onde vou depois não desconfio

deixe a linha nadar no vazio

a escuridão traz ondas de paz

o holandes voador numa nuvem

a rima é uma faca afiada

corta veias e nervos

canção do oceano dentro da concha

desencontro no mar dos sargaços

sempre sou o certo

sei que sou

sou o certo sempre

caçoa o verso

castelo no fim do mundo

firme numa ponta de lança

os olhos do falcão

penhasco fendido em muitos

todos os dias são longos dias

lágrimas que sonham

com bombons de chocolate

e uma gota de mel

seus lábios sobre os meus

corpo deslizando no ar

a leveza mágica da poesia

o gosto do suor da mulher

não tente acusar o nada

o quarto cheira passado

frasco perfume aberto

incensos de hortelã

o coração cantarola

tambor do futuro toca

dança em passos lentos

assoalho encerado

assunto encerrado

nada mais há a lamentar

não entendeu o que faço

então tatue o meu nome no braço

sempre sou o certo

sei que sou

sou o certo sempre

caçoa o verso

carlos assis
Enviado por carlos assis em 26/12/2010
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