NÃO SOU, NÃO QUERO SER
Numa praia soalheira
na areia úmida e quente
um vulto de repente
surge alma conselheira.
Reflito, não quero ser,
decido não ser mais nada,
eu digo, não vou querer,
não quero alma alada.
Já disse, não sou rabino,
sou dono do meu destino!
Ser algo não pretendo,
nem presumo que estou sendo.
Debaixo daquele sol,
diante do grande mar,
reflito em pleno ar
sobre aquele branco lençol.
Não me cobres a resposta,
não me cobres a pergunta,
a minh´alma foi exposta
na minha ânsia profunda.
Então, sentado sobre a areia,
olhando para aquele nada,
o vazio que serpenteia
diante da imagem parada.
Eu digo, não vou falar,
porque não sou rabino,
não tenho que ensinar
o homem a ser menino.
(YEHORAM)