Vôo do transitório

Como uma ave que voa pelo azul do céu

Procuro no espaço do tempo o sentimento

Que perdure a sinceridade das palavras

Minha alma mendiga a perpetuidade

Até meus olhos se encerrarem na escuridão

O que faço hoje

Certamente amanhã desfaço

Crio problemas

Aumento dilemas

No medo inquietante das garras da morte

Sou só um sopro como outros sopros

A juntar ventos para movimentar o mundo

Girar a ventoinha da sociedade

Enquanto existo pareço ser alguém

Depois de morta?

Restos de lembranças frias e apagadas

Talvez uma lágrima de saudade a cair

E tudo passa

Até o amor que se dizia eterno

Como a brisa se esvai

Tudo transitório nesse universo

A vida que desabrocha como a flor

O sorriso que se apaga com a dor

Por isso procuro no infinito do céu

A imensidão que eu possa agarrar

A eternidade que eu possa abraçar

E mesmo que fugaz

Traga-me a luz incerta

Da certeza de não poder voar...