Pensamento e memória
Joguei feijões pela janela
Esperei a eternidade da matéria
Espiei barulhentos aviões a jato
Descerem em Cumbica
As lágrimas povoam a terra
Pés de amendoim que anseiam pelo Valhala
Ergueu-se a bruma assassina
Sobre folhas de zinco e papelão
Dançam fadas Arturianas
Venerando Merlin e Morgana
Um plesiossauro mergulha no Ness
Peixes devoram o Aedes Aegypt
Perdi o senso do mal na cama
O fogo espera a carne dos sacrifícios
Labaredas subindo aos céus de chumbo
Crepitam canções célticas e maias
Pirâmides devoradas pela selva
O sol a todos queima
Caminhei por entre pinheiros e sequóias
Sou apenas um nome no vento
Caos e destino amalgamados
Setas envenenadas fincadas nas árvores
Dragões repousam na serra
Magos estampados nos paredões
Navios navegam mares tormentuosos
Velas abertas com signos nórticos
Caprichosos desenhos em espadas
E escudos de bronze
Benção de deuses ferreiros
Os curupiras fogem nas campinas
As pessoas cultivam ilusões
Artigos para sobrevivência
Desafiei raios e trovões
Insultei as vibóras e a esperança
Mas tudo passou
Fim de tarde para a poesia