Pensamento e memória

Joguei feijões pela janela

Esperei a eternidade da matéria

Espiei barulhentos aviões a jato

Descerem em Cumbica

As lágrimas povoam a terra

Pés de amendoim que anseiam pelo Valhala

Ergueu-se a bruma assassina

Sobre folhas de zinco e papelão

Dançam fadas Arturianas

Venerando Merlin e Morgana

Um plesiossauro mergulha no Ness

Peixes devoram o Aedes Aegypt

Perdi o senso do mal na cama

O fogo espera a carne dos sacrifícios

Labaredas subindo aos céus de chumbo

Crepitam canções célticas e maias

Pirâmides devoradas pela selva

O sol a todos queima

Caminhei por entre pinheiros e sequóias

Sou apenas um nome no vento

Caos e destino amalgamados

Setas envenenadas fincadas nas árvores

Dragões repousam na serra

Magos estampados nos paredões

Navios navegam mares tormentuosos

Velas abertas com signos nórticos

Caprichosos desenhos em espadas

E escudos de bronze

Benção de deuses ferreiros

Os curupiras fogem nas campinas

As pessoas cultivam ilusões

Artigos para sobrevivência

Desafiei raios e trovões

Insultei as vibóras e a esperança

Mas tudo passou

Fim de tarde para a poesia

carlos assis
Enviado por carlos assis em 17/12/2010
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