Cicuta
Sinto algo corroer meus ossos,
Minhas tripas sendo esmagadas.
Tomo meu café,mas não o sinto descer até meu estômago.
Embora respire,
Não sinto o ar em meus pulmões.
Tento me levantar,
Mas minhas pernas já não me obedecem.
Algo nada em meu sangue,
Sugando todas minhas energias.
Sinto algo subir até minha boca,
Minha língua sendo tragada,
Meus dentes sendo consumidos por este ser.
Torna-se,então,difícil de respirar.
Tenho a impressão de que meus dedos sumiram,
E sinto que é a hora de parar de escrever.
Arrasto-me até a cama e me deito pra morrer,
A última coisa que vejo é o pássaro no parapeito da janela.
Encosto minha cabeça no travesseiro,
E morro sem ninguém saber.
Morro,sim,mas é com orgulho que fecho os meus olhos,
E entrego minha vida aos vermes.
A.F 2009