COMPLEXO DE ADÃO II
Como quisesse amanhecer
o alvor da esperada aurora,
já o sol as suas luzes vem tecer
a fulguração da sua senhora.
Que senhora torna o seu brilho
para gerir o decorrer do dia,
lhe gerando a tarde como filho
numa tão perfeita harmonia?
Este cíclo veio desde a criação,
ou nasceu na suposta evolução;
dois luzeiros para governar
os dois turnos das horas a pairar.
Logo no jardim eu vejo o teu olhar,
como fulguram o sol e a lua!
Minhas mãos estendem-se para tocar
a testura da tua pele nua.
O meu corpo se envolve na criação,
pelo sonho e a imaginação;
pelo o teu corpo e pelo teu cheiro,
astuto vou escorregando rasteiro
para dentro do teu coração.
Mas bendita hora que me viste só
E mandaste para mim esta mulher!
De amor cobriste-me sem dó,
sem nenhuma roupa ou pano sequer.
E meu coração ficou a mercê
de teu coração e teu desejo,
nem na criação eu pude ver
alguém que provasse tão suave beijo.
Mas na viração do lindo dia
quando o Pai nos vem visitar
procurando em nós paz e harmonia,
o que de fato ele pode achar?
Cultivemos bem a natureza,
não deixemos de lado este jardim!
Como tu cultivas a tua beleza,
cuide bem que tudo não chegue ao fim.
Sim, eu vejo em mim o mesmo Adão,
que oriundo foi dessas florestas,
o amor que Eva tinha pela criação,
que na tarde lembrava de suas conversas
com o Senhor que fez o coração.
Acordo, mesmo assim, pela manhã,
com o coração em luz e esperança,
sentindo o cheiro da romã
e da flor da minha confiança.
(YEHORAM)