COMPLEXO DE ADÃO II

Como quisesse amanhecer

o alvor da esperada aurora,

já o sol as suas luzes vem tecer

a fulguração da sua senhora.

Que senhora torna o seu brilho

para gerir o decorrer do dia,

lhe gerando a tarde como filho

numa tão perfeita harmonia?

Este cíclo veio desde a criação,

ou nasceu na suposta evolução;

dois luzeiros para governar

os dois turnos das horas a pairar.

Logo no jardim eu vejo o teu olhar,

como fulguram o sol e a lua!

Minhas mãos estendem-se para tocar

a testura da tua pele nua.

O meu corpo se envolve na criação,

pelo sonho e a imaginação;

pelo o teu corpo e pelo teu cheiro,

astuto vou escorregando rasteiro

para dentro do teu coração.

Mas bendita hora que me viste só

E mandaste para mim esta mulher!

De amor cobriste-me sem dó,

sem nenhuma roupa ou pano sequer.

E meu coração ficou a mercê

de teu coração e teu desejo,

nem na criação eu pude ver

alguém que provasse tão suave beijo.

Mas na viração do lindo dia

quando o Pai nos vem visitar

procurando em nós paz e harmonia,

o que de fato ele pode achar?

Cultivemos bem a natureza,

não deixemos de lado este jardim!

Como tu cultivas a tua beleza,

cuide bem que tudo não chegue ao fim.

Sim, eu vejo em mim o mesmo Adão,

que oriundo foi dessas florestas,

o amor que Eva tinha pela criação,

que na tarde lembrava de suas conversas

com o Senhor que fez o coração.

Acordo, mesmo assim, pela manhã,

com o coração em luz e esperança,

sentindo o cheiro da romã

e da flor da minha confiança.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 10/12/2010
Código do texto: T2663420
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