Folhas, mil folhas de mim
Folhas, mil folhas de mim...
Já percorri tantas bibliotecas em mim
Que chego a ver corredores em minha alma
Há portas e portas, prateleiras e prateleiras sem fim
Alguns livros sem poeiras, aqueles que mais folheio...
A coleção do vazio... Está no birô central
O livro saudade,
caiu ainda pouco de uma antiga poltrona...
E uma fraca luz de um abajur ainda o iluminava
Já o devolvi a estante, após tirar-lhe o pó
Umas anotações de ontem revoam as prateleiras...
E uma folha em branco me olha com afeto...
Sou a pena inquieta do arquiteto
A construir castelos de palavras...
Meus livros são da alma, o mais profundo,
O sótão de meu mundo já descrito
E as folhas hoje soltas de meu grito
Ecoam nas paredes sem cessar.
Bate então a porta! Um vento frio
Ocupa os corredores de minha dor
Desapareço em meio a alguns livros
Sou só a alma nua já sem cor
Márcia Poesia de Sá