Eternas ondas

Ó eternas ondas!

Poque quebras o sol dessa maneira?

Este astro tão silente e descuidado

Que se perde no horizonte

e dorme calmo.

Ó mar revolto!

Porque estás assim tão abalado?

Será o meu veneno, o meu descaso,

quando estouro com teus mangues

E os caranguejos?

Águas turvas!

Eu queria de vós a claridade,

Para ver, em vosso ventre

A doce vida,

No sagrado santuário do teu seio

Os seres vivos

A bailar, a sobejar contentamentos.

Poderiam ter a têz de águas calmas,

Mas as mágoas do meu peito

Vos assanham,

E, Abraçadas com o vento,

Em tempestade

Me condenam a sofrer o desamparo.

A vida não é só de águas limpas;

Vejam, entendam o não pensar

Do ser pensante,

Que se joga com o lixo nos esgotos

Quando atira em tua cara

Os escrementos.

Depois dorme como a paz

Dos travesseiros;

Na manhã, lava o seu rosto

Em vosso sangue,

Esperando mais saúde em novos dias,

Esperando que o universo

Não se zangue.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 03/12/2010
Reeditado em 06/12/2010
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