REPOUSA SOBRE O VENTO
Repousa sobre o vento
a luz de um pensamento
o toque de uma folha
que no meu ombro cai
antes que se recolha
a noite o escuro vai.
O som do vento canta
no alto da colina,
a mulher se levanta
em pele de menina.
Assobia de espanto
de ver tanta beleza
de pronto me encanto,
o dom da natureza.
O pensamento volta
nas asas da cegonha
que sobre o monte solta
as raias da vergonha
de tal desestrutura
do pobre quando sonha
e morre a esta altura,
eu volto a ter vergonha.
Lá vem a tempestade
bem descompensada
o peso da saudade
afunda em disparada
nas tristes mágoas
nas torrentes d´aguas
que vão em debandada.
A folha que tocou
em meu ombro singela,
a flor que comigo sonhou
e por mim se apaixonou
bate em minha janela
e eu chorei por ela.
E aquele sol louro
que queimou a tua pele,
dourou o teu brilho.
Com meu chapéu de couro
que por ti eu vele
na força de um touro
mesmo que se rebele.
E a brisa fresca e lisa,
permeia a minha nuca
fala mansinho e me avisa
que a luz que me ofusca
também me paralisa
e impede a minha busca.
Hoje passou o inverno
que já parecia eterno,
foi-se e agora vejo o verão
que passou pela primavera
sem nenhuma compensação.
Muda o clima, a atmosfera,
muda dentro do coração,
que nesta vil espera
pela partida do verão.
No toque da madrugada
deixo o meu corpo lá
nesta cama bem sonhada
não quero nunca deixar
antes da areia criada,
antes do vento a soprar.
Vou repousar no vento
que mais alto me levará
de nuvens como alimento
algodão doce no ar,
como é doce este momento!
(YEHORAM)