REPOUSA SOBRE O VENTO

Repousa sobre o vento

a luz de um pensamento

o toque de uma folha

que no meu ombro cai

antes que se recolha

a noite o escuro vai.

O som do vento canta

no alto da colina,

a mulher se levanta

em pele de menina.

Assobia de espanto

de ver tanta beleza

de pronto me encanto,

o dom da natureza.

O pensamento volta

nas asas da cegonha

que sobre o monte solta

as raias da vergonha

de tal desestrutura

do pobre quando sonha

e morre a esta altura,

eu volto a ter vergonha.

Lá vem a tempestade

bem descompensada

o peso da saudade

afunda em disparada

nas tristes mágoas

nas torrentes d´aguas

que vão em debandada.

A folha que tocou

em meu ombro singela,

a flor que comigo sonhou

e por mim se apaixonou

bate em minha janela

e eu chorei por ela.

E aquele sol louro

que queimou a tua pele,

dourou o teu brilho.

Com meu chapéu de couro

que por ti eu vele

na força de um touro

mesmo que se rebele.

E a brisa fresca e lisa,

permeia a minha nuca

fala mansinho e me avisa

que a luz que me ofusca

também me paralisa

e impede a minha busca.

Hoje passou o inverno

que já parecia eterno,

foi-se e agora vejo o verão

que passou pela primavera

sem nenhuma compensação.

Muda o clima, a atmosfera,

muda dentro do coração,

que nesta vil espera

pela partida do verão.

No toque da madrugada

deixo o meu corpo lá

nesta cama bem sonhada

não quero nunca deixar

antes da areia criada,

antes do vento a soprar.

Vou repousar no vento

que mais alto me levará

de nuvens como alimento

algodão doce no ar,

como é doce este momento!

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 01/12/2010
Reeditado em 01/12/2010
Código do texto: T2646684
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