O “Não lugar”

Que faço das letras que me restam?

Cubro-me de palavras malditas ou não ditas

Ainda sinto o cheiro do vento indo embora

Da brisa que me deixou sozinha

Para que rimas e prosas?

Se sozinha me visto de tristeza

Do que me vale essas poesias que escrevo?

Se inda mora aqui o desalento.

Triste e só meu poema sofre, canta

Sabendo-se exilado pela vontade minha

Enterro todo o amor que havia em mim

Nada quero senão a solidão

Exílio de quem já amou na vida

Não me tirem a venda ainda, quero a escuridão

O desconhecido me atrai mais

Deixem-me sem saber do beijo que não dei

Nem quero aquele abraço que sonhei

Deixe-me só...

Fui e não voltei na tua vida

Nem sabia do teu existir antes do amanhecer

Anoiteceu aqui dentro

No meu tudo não cabe mais ninguém

O que levo comigo ninguém quer

Deixo-te a felicidade companheira

Levo teu sofrimento, o esquecimento

Quero esse desalento que ninguém viu

Coleciono dores e prantos

Gosto da longa melodia do “não chegar”, do esperar

Quero essa ilha fantasia que não existe

O não lugar ao meu redor

Não chegue... mande só a vontade de chegar

Basta-me!

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 26/11/2010
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