O “Não lugar”
Que faço das letras que me restam?
Cubro-me de palavras malditas ou não ditas
Ainda sinto o cheiro do vento indo embora
Da brisa que me deixou sozinha
Para que rimas e prosas?
Se sozinha me visto de tristeza
Do que me vale essas poesias que escrevo?
Se inda mora aqui o desalento.
Triste e só meu poema sofre, canta
Sabendo-se exilado pela vontade minha
Enterro todo o amor que havia em mim
Nada quero senão a solidão
Exílio de quem já amou na vida
Não me tirem a venda ainda, quero a escuridão
O desconhecido me atrai mais
Deixem-me sem saber do beijo que não dei
Nem quero aquele abraço que sonhei
Deixe-me só...
Fui e não voltei na tua vida
Nem sabia do teu existir antes do amanhecer
Anoiteceu aqui dentro
No meu tudo não cabe mais ninguém
O que levo comigo ninguém quer
Deixo-te a felicidade companheira
Levo teu sofrimento, o esquecimento
Quero esse desalento que ninguém viu
Coleciono dores e prantos
Gosto da longa melodia do “não chegar”, do esperar
Quero essa ilha fantasia que não existe
O não lugar ao meu redor
Não chegue... mande só a vontade de chegar
Basta-me!