NOITE MORTA

Vou em devaneios

pela noite morta a fora

não me metem arreios,

senão logo eu vou-me embora,

para fora dos seus seios.

Seios da madrugada

egoísticamente devoram

os zumbis em debandada

que na noite choram.

Ouço o som da calada

meninos jogados pelas ruas

não dormem de madrugada

apenas ficam vendo as luas.

Vêm luas, duas ou três,

aguardam a tépida sopa esmolada

um cobertor por sua vez,

na noite escura e gelada.

Nasce a noite e morre agora,

se nela eu não for dormir,

vejo os seus filhos lá fora,

os meus olhos vão pungir.

Quisera a noite eu não ver,

senão apenas o luar

e uma estrela renascer

cada uma com o seu par.

Tem garbos, sardos e sapos,

as noites infindas crianças

alcóolicos, bucólicos e cratos,

sapatos e meias vinganças.

A tez morena e parda

transtornos dos meus devaneios,

nos tempos meus de farda

nunca vivi tantos receios.

Adeus a noite morta,

bem vindo a luz do meu sol

ao acordar me conforta

como na tempestade o farol.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 24/11/2010
Código do texto: T2634656
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