CARNES

Faz-me a alma amplo corte, qual me coze esse corpo,

Onde o insano em lamento depura-me em sofrimento;

Mais do que é certo, me dependuro neste vivo-morto,

Sobrando-me ao encher uma razão sem merecimento.

Vermelha que fico em vergonha nesta exposura,

Ao revelar-me tão sanguinolenta em vis matérias.

Alimento-me de mim nesta eterna e crua loucura,

Doando-me vida, nas quentes curvas das artérias.

Percorro os caminhos que antes eu não quisera conhecer...

O pedaço de mãe que ficou em meu umbigo, já apodreceu;

Um pai... Onde nas esquinas, o jorro do amor fez escorrer...

O peso que eu agora sou, em fatiadas dores me esqueceu.

Setedados
Enviado por Setedados em 23/11/2010
Reeditado em 06/01/2011
Código do texto: T2632053
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