Miragens (Écloga)

Oh, horizonte imaturo, terno e adornado!

Não se embebede tão rapidamente,

Guarde um bocado pra tardinha que em breve chegará.

Não se apresse; dê-me seu brilho estonteante!

Daqui vejo aqueles redondos entre a fenda,

Despedindo-se uns dos outros como sem mais volta.

Não se obscura antes de gozar da maciez!

Quero sentir seu orvalho gélido,

Desvendar a raiz e seus segredos que aí esconde.

Prenda-me em seu chamego hipnotizante!

Não deixe que ninguém o varra,

Sinto que há vida em breu.

Oh, Anunciação!

Como seus olhos são guapos,

Peço que não vá; aproxime-se de seu afluente.

João Antunes
Enviado por João Antunes em 22/11/2010
Código do texto: T2630087
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