Chuva
Que de mim tanto quer?
A água que carrego?
Ou meus feitos de mulher?
Quer de mim o que te nego?
Pois aqui está, aqui estou
Digo-te e não te ouço
O que não é. Eu sou!
Sou teu consolo, sua graça, teu tesouro
Esta que jarra na janela
Que escorre sem destino
Desliza no chão, desde a capela
Aparece e some de fino
Venho do teu céu
Fui do teu mar
Carreguei barco de papel
E derreto sobre seu ar
Mas qual é o teu querer?
Meu refresco? Minha pureza?
Quer me olhar? Quer meu prazer?
Mergulha então na natureza!
Enquanto escorro e demoro
Enquanto grito nos meus cantos
Enquanto olho e te molho
Enquanto desço e não levanto.