banco de sal
ratos que se esgueiram
pelo vão de uma porta
onde a vida não suporta
a casa de piso de chão
ar úmido lá fora
calor bem intenso e cortante
sabor que é salgado o bastante
pra que eu veja um mar
debaixo do meu lençol
e não me esqueço um instante
do rosto dela, o semblante
coberto pelo véu diáfano
está tão ausente e sombrio
e tão dependente do início
estamos já em Mogadíscio
e sei que perdi meu cartão
de crédito e o passaporte
mas acho até que dei sorte
de tê-la encontrado ali
sentada num banco de sal
sabor do sol da manhã
Rio, 04/07/2006