A CIDADE COSMICA

Esgotos,

Veias que cortam a cidade

Por onde escorre mal cheiroso

O sangue da vil sociedade.

Em sua podridão

Alimenta a metrópole.

E este monstro de concreto

Avoluma-se, se agiganta,

Consome a relva e as florestas.

Deflora os bosques

Com suas ruas penetrantes,

Sangrando virgens recantos

E não para.

Em incansável delírio

Parte em busca de novas donzelas.

E as dilacera,

Ejaculando argamassa, gente,

Postes, carros,

Lixo e morte.

Fecunda a mata que aborta

Prédios, aviões, quartéis, prisões.

E seu verde defumado nas fornalhas

Incorpora-se ao monstro,

Entra em nossas narinas,

Arde nos olhos,

Corrói pulmões e mata.

E as matas não renascem,

Simplesmente sucumbem.

O homem cultiva suas cidades,

Que como pragas se alastram,

Correm pelo mundo e o ocupam.

E a terra,

Transformada num enorme tumor

Explode no espaço,

Lançando seus dejetos pelos astros.

E a cidade povoará o cosmo.

1.978

j rau
Enviado por j rau em 01/11/2010
Código do texto: T2590993