Pulou

Carregou os pulmões do gélido ar

Abraçou com calma a paisagem

Que passava inerte pelos olhos

Empurrando a alma lívida

Para perto de alguma elevação

Sentou-se

E por instantes já não tinha vontades

Chorava e deixava-se encantar

Pelo gozo da dor premeditada

Revivida do fundo de seu relicário

Mexeu nos cabelos já curtos

E numa luz de instantes

Constatou que havia diferenças

Naquela necessidade de silêncio

No sorriso amarelo falso

Levantou-se

Foi até a beira do abismo

Sentiu mais uma vez a brisa que lhe envolvia

E pulou

Rumo a eternidade que já não tinha

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 07/10/2006
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