Pulou
Carregou os pulmões do gélido ar
Abraçou com calma a paisagem
Que passava inerte pelos olhos
Empurrando a alma lívida
Para perto de alguma elevação
Sentou-se
E por instantes já não tinha vontades
Chorava e deixava-se encantar
Pelo gozo da dor premeditada
Revivida do fundo de seu relicário
Mexeu nos cabelos já curtos
E numa luz de instantes
Constatou que havia diferenças
Naquela necessidade de silêncio
No sorriso amarelo falso
Levantou-se
Foi até a beira do abismo
Sentiu mais uma vez a brisa que lhe envolvia
E pulou
Rumo a eternidade que já não tinha