Cio Silencioso
Existe
Meu anseio existe
E como a flores do ipê
Que um dia veio florecer
Quer morrer na queda em suas mãos
Cio silencioso
Gosta de avenura
Gostosa imaginação
Como rio que ora em calmas planícies
Ora em queda ardorosa e masgestosa
Num turbilhão de bolhas, sinfonia da água
Que não bate na pedra, mas a acaricia
Como uma lingua sinuosa que desliza nas coxas
E o barulho e a intensidade de um grito guardado
Em um silencioso cio de ciclos longos.
Ciclico, cíclico
Retornando,
Ora na chuva
Ora no vento
As gostas voltam à nuvens
Despencam nas montanhas
E assim como o cio
Sonham outras vezes
Lamber a coxas da montanha
E deslizar pelas fendas extreitas
Num tubilhão de gozo
Cios cíclicos silenciosos?