O Elixir de Morpheu
Eu sinto vergonha...
Quando a dor se abateu sobre mim
e o infortúnio tornou sua existência duradoura,
Minha força abandonou-me
e minha carcaça vazia se prostrou num chão lamacento
Como um lobo preso em uma armadilha
que se recusa a perder uma perna
Ou como um leão enjaulado
que perde sua grandeza,
Meu orgulho me mantém vivo, mas me torna miserável
Agora, rodeado por austeras sombras
de fantasmas de lutas passadas,
Meu espírito apodrece sob o céu avermelhado
sofrendo pelo preço que ainda hei de pagar.
Então, como qualquer inútil ser humano fraco
Eu senti vergonha por ter estagnado,
Mas ao invés de tentar quebrar os grilhões,
arrebentar as correntes ou torcer as grades,
Eu implorei por mais uma dose...
E com um sorriso sarcástico e um olhar vazio
A esperança trapaceira que alimenta os derrotados
Acalmou minha dor
Me servindo a imaculada morfina...
Eu sinto vergonha...