O Elixir de Morpheu

Eu sinto vergonha...

Quando a dor se abateu sobre mim

e o infortúnio tornou sua existência duradoura,

Minha força abandonou-me

e minha carcaça vazia se prostrou num chão lamacento

Como um lobo preso em uma armadilha

que se recusa a perder uma perna

Ou como um leão enjaulado

que perde sua grandeza,

Meu orgulho me mantém vivo, mas me torna miserável

Agora, rodeado por austeras sombras

de fantasmas de lutas passadas,

Meu espírito apodrece sob o céu avermelhado

sofrendo pelo preço que ainda hei de pagar.

Então, como qualquer inútil ser humano fraco

Eu senti vergonha por ter estagnado,

Mas ao invés de tentar quebrar os grilhões,

arrebentar as correntes ou torcer as grades,

Eu implorei por mais uma dose...

E com um sorriso sarcástico e um olhar vazio

A esperança trapaceira que alimenta os derrotados

Acalmou minha dor

Me servindo a imaculada morfina...

Eu sinto vergonha...

Leonardo Hammerheart
Enviado por Leonardo Hammerheart em 23/10/2010
Reeditado em 23/10/2010
Código do texto: T2572990
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