Quando um poeta ama outro...
Li suas letras por frestas de tempos idos,
Lambi suas feridas e beijei-as com gosto,
Superei as expectativas do próprio desgosto,
Que sonda e transpassa nossos corações desavisados.
Caminhei com você pelos abismos do medo,
Da desesperança e da melancolia, que um dia,
Fez parte de ti...trouxe-lhe a luz que iradia,
Do meu peito, que flama e arde.
E o pulsar ensurdecedor de meu coração,
Grita o desejo que me consome e espera,
Como fera observando a presa, mas qual...
Sou eu quem é consumida por vós,
Meu poeta, meu anjo dos tempos,
Estamos mesmo no limiar de nossos limites,
E cruzam-se letras, pensamentos e dores,
Que nestes dissabores poéticos assemelham-se...
E eis-me a criar e recriar-te nestas linhas,
Nas bainhas que o tempo oculta, este amor,
Tão semelhente é nosso desejo sublimado,
Que hei de eternizar esta nossa forma de amar.
E muitos são os que nos bebem, que nos tem,
Identificar-se-ão conosco, poetas assumidos,
Mas não se atiraram como nós, em redemoinhos,
De sentimentos crepitantes, ardentes e profundos,
Pois somos nós os loucos, dementes e vagabundos,
Que ninguém duvide de nossa insanidade,
Nem dos sentidos que temos, e vencemos os medos,
Descortinando os desejos, os amores e sem pudores,
Desnudamos os corpos, em letras fervilhantes,
Este é meu amor por ti poeta, profeta dos intentos,
Mergulhei nos seus abismos e revivi,
Qual linda fênix, renasci...