Mármore frio de olhos pastosos
Mármore frio de olhos pastosos
Surgido, sabe lá
por que mãos criadoras,
em plena rua!
Ganha ares a impressão
que o gênio escultor já dobra a esquina
e desaparece nas ruas noturnas de Iracema
visitada por carnavais.
Pretensa perfeição acabada
a correr no tempo em maratonas
sem saber-se Carrara ou Travertino
em Fortaleza, cidade do sol à venda.
Mármore frio de olhos mate
por onde não se vislumbra a alma
atrai turba de anônimos afogueados
de desejos, entre eles, o meu a aquecer
o bafo mal dormido que sopra da praia.
Fermenta o sangue o desejo
explora silhuetas, esgueira-se e
some a redesenhar reentrâncias
e perder-se no teu rosário
de labirintos unidos por fio
tecido por coração
ainda por esculpir.
Pobre Mocinha enfeitiçada
por pagodes a embrulhar
melancolia com papéis
translúcidos de euforia.