SER ESTRANHO
Tenho pernas logo abaixo das mãos
Meus ombros estão acima do coração
Sobre meu pé há pescoço e cabeça
Mas, depois, não sou mais alguém...
Os cotovelos estão ao lado dos rins
E o umbigo aponta um sentido pra mim
À frente das minhas costas, dois seios
Porém, no meio, fica um vazio...
Os joelhos dobram as pernas e o sorriso
Meus ouvidos silenciam totalmente o juízo
Pequenos pares: olhos, orelhas, narinas
Entretanto, menores mesmo, são as meninas...
Longe das solas que saltam, soltam palmas as palmas
Nas faces, estão perto os disfarces e as fases
Por dentro tantos ossos formam a estrutura
Por fora a pele cobre toda a musculatura
Dedos de contar, não contam mais que vinte
Dois martelos, duas bigornas, dois estribos
Muitas falanges, uma faringe, uma laringe
De alto a baixo sou um ser que não finge...
Um corpo com um sopro divino de vida
Dividida em partes, em tempos, em camadas
Minha constituição totalmente medida
Mas a emoção de ser amada... só pode ser sentida!