SER ESTRANHO

Tenho pernas logo abaixo das mãos

Meus ombros estão acima do coração

Sobre meu pé há pescoço e cabeça

Mas, depois, não sou mais alguém...

Os cotovelos estão ao lado dos rins

E o umbigo aponta um sentido pra mim

À frente das minhas costas, dois seios

Porém, no meio, fica um vazio...

Os joelhos dobram as pernas e o sorriso

Meus ouvidos silenciam totalmente o juízo

Pequenos pares: olhos, orelhas, narinas

Entretanto, menores mesmo, são as meninas...

Longe das solas que saltam, soltam palmas as palmas

Nas faces, estão perto os disfarces e as fases

Por dentro tantos ossos formam a estrutura

Por fora a pele cobre toda a musculatura

Dedos de contar, não contam mais que vinte

Dois martelos, duas bigornas, dois estribos

Muitas falanges, uma faringe, uma laringe

De alto a baixo sou um ser que não finge...

Um corpo com um sopro divino de vida

Dividida em partes, em tempos, em camadas

Minha constituição totalmente medida

Mas a emoção de ser amada... só pode ser sentida!

Janete do Carmo
Enviado por Janete do Carmo em 12/10/2010
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