Sem sofá

Sempre foi um confronto escrever eu.

Por mais que pensasse pelo meu viés,

Não conseguia transpor que eu,

Era muito pequeno,

E a cada dia que eu analisava o mundo

Via-me cada vez menor.

Vocês sabem como é escrever em 2010?

Sou pobre.

De faixa financeira abaixo do que é.

Pobre.

Escrever cada verso consciente de estar

Fazendo algo que é naturalmente negado.

Brasileiro não lê,

Olha que brasileiro lê, mas no computador

Porque tem uma tela igual a da TV.

O brasileiro não gosta de papeis, folhas, páginas, pois tudo que isso remete para um adulto é burocracia, imposto, dívida, a competição pelo poder de se esbanjar, mais como tudo que faz estes anteriores funcionarem, os papeis gastam, brasileiro acha que folha é tudo igual e trata literatura como coisa de advogado,

Simplificando, brasileiro não gosta de livro, não gosta de folha, porque lembra conta.

Já cansei de ouvir:

“Isso dá dinheiro”.

Eu sei que eu gasto quando compro um livro,

Mas tem livro que custa dois quilos de Alcatra,

Custa uma caixa com 12 litros de leite, remédio!

O outro que escreve entra na onda e vende livro a 48R$!

E que pena que eu acha que é um desperdício,

O brasileiro é lindo,

Ele se comunica,

Em sociedade, é realmente inteligente,

Tem saídas e enfretam o clima de tão diversas regiões,

É por fim muito lindo ser brasileiro,

Basta sabermos onde locarmos nossos sonhos e não chocarmos com aquilo que não parece conosco,

Olha que pelo vidro fosco,

É possível ver que é só escolher um lugar,

Ver se é lá que te completa e vai,

Muda mesmo,

Foge das fachadas de esperança que te explora,

Quero esperança que me exista,

Mas não persisto,

Em Uberlândia.

De escrever não paro,

Mas de gastar reais para ver o crescimento vou parar,

Aqui tá caro,

Vou me guardar dessa onda de trabalhar muito e ganhar pouco,

Caçarei outro local e quem sabe vendo DVDs com meus livros em PDF a 2R$. Bota fé?

Eu mudo.

Tem tanto lugar no país,

Logo,

Acho o que me cabe.