Sobejo de Banquetes
Sobejo de banquetes de ratos,
minha alma, chuva rala de sangue,
inunda as ruas da cidade
que vi inchar e
criar tumores que passeiam
por suas artérias e veias.
A cidade que me viu crescer
geme de dor
sob o dilúvio de uma alma
que sangra.
As ruas lavadas com suas bocas
de lobo engasgadas
encharcam com sangue vivo
a cidade que grita
para ouvidos moucos.
Não viu a cidade
que me viu crescer
a chacina de suas crianças
sem catedrais e calçadas
para o sono da morte.
Não viu a cidade
que vi inchar
o incêndio de seus mendigos.
Mas furaram os olhos da cidade
que nunca quis ver
seus palácios cheios de ratos
e corações que não sangram.