VIVER ANTIGO

Onde perdeu-se, a meiguice

Naqueles tempos, havida,

A doçura, a meninice

Onde foram esquecidas?

O gesto meigo da mão,

As expressões de carinho,

Os abraços, onde estão,

Entre dois corpos sozinhos?

Perdeu-se a alma, a candura,

Nas interioridades,

No rosto há só amargura

E expressões de vaidades.

Ficou somente a moldura

E multifaces sem vidas,

Tão ausentes de ternura,

Só ilusões refletidas.

Aquele sorrir liberto

Nos frouxos lábios, expresso,

O aconchego mais perto

Depois do ato do sexo?

Onde ficou o cantar

Da canção enternecida

Na serenata ao luar

Acordando a adormecida?

Que venha quem de candura

Ao meu mais eterno abrigo,

Pois trago ainda a ternura

Daquele viver antigo.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 06/10/2010
Reeditado em 18/10/2010
Código do texto: T2541340