VIVER ANTIGO
Onde perdeu-se, a meiguice
Naqueles tempos, havida,
A doçura, a meninice
Onde foram esquecidas?
O gesto meigo da mão,
As expressões de carinho,
Os abraços, onde estão,
Entre dois corpos sozinhos?
Perdeu-se a alma, a candura,
Nas interioridades,
No rosto há só amargura
E expressões de vaidades.
Ficou somente a moldura
E multifaces sem vidas,
Tão ausentes de ternura,
Só ilusões refletidas.
Aquele sorrir liberto
Nos frouxos lábios, expresso,
O aconchego mais perto
Depois do ato do sexo?
Onde ficou o cantar
Da canção enternecida
Na serenata ao luar
Acordando a adormecida?
Que venha quem de candura
Ao meu mais eterno abrigo,
Pois trago ainda a ternura
Daquele viver antigo.