POEMA DO NADA

Quero a palavra vazia;

Aquela jamais ditada,

A palavra inócua, fria,

Ao meu poema do nada.

Um verso vago, preciso,

Expor o nada do tudo,

Compor meu verso indeciso

No meu poema mais mudo.

Necessito entrar no vão

Da imaginação fugaz,

Sustentar-me sobre um chão

Da maior nudez capaz.

Inserir a morte viva

No vau da inexistência,

Quero a palavra incautiva

Zerada da reticência...

Na vaguidez inconcreta

Da redoma toda vazia,

O verso sem seu poeta

Poema sem poesia.

Buscar a palavra morta

À existência do estio,

A razão de uma porta

Se dentro é tudo vazio.

Talvez ela já exista

Porém, de mim se esconde,

Que não quer jamais ser vista

Pra eu usá-la sei onde...!

Mas, quais vazios eu procuro

À palavra procurada,

Se preencho o oco escuro

Com meu poema do nada?

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 06/10/2010
Reeditado em 08/10/2010
Código do texto: T2540877