ALMA LÍQUIDA
Células se agrupam e formam um tecido,
tal como palavras constroem um verso,
definindo-se do tecido e verso nascidos,
órgão e poesia, corpo e alma, o universo.
Coração bate calmo, ora descompassado,
na arritmia das estrofes, ou em compasso.
Do sangue que dele é em artérias ejetado,
pulsa vibrante a vida, nos versos que faço.
Arrepia-se a pele na sua tessitura tão fina,
em cada um dos “versos escritos no papel,
que são aqueles que primeiramente tatuam,
a pele viva de nossas almas.” Como sina!
E em pranto, “às vezes os versos são como
lágrimas que escorrem dos olhos da poesia,”
fluidos da líquida alma, emoção que tomo,
quando embriago-me de sonhos e fantasia.
O núcleo da célula carrega a sua identidade,
como os versos, no cerne do coração poeta,
marcam e perpetuam sua nata sensibilidade,
que a alma silente dita e o coração decreta.
*Nota: Os versos entre aspas são de autoria do grande Poeta Antônio Maria Santiago Cabral, a quem dedico este poema com muito afeto.