VELHO MENDIGO

VELHO MENDIGO

Faz tempo, ando cansado,

De correr atrás de comida,

Lamber a velha ferida,

E só amar cadela no cio.

Sinto-me muito acabado,

De andar pela estrada,

Morrer de frio na madrugada,

Serei jogado no rio?

Receber chutes da meninada,

Quando deito na calçada.

Ser pisado pelos bêbados

Em sua trajetória desequilibrada.

Ah, em minha vida sem graça,

Nem tudo é tristeza e desgraça,

Tenho amigos sinceros e fiéis,

Que me alimentam os sonhos,

Quando durmo de barriga vazia,

As estrelas acariciam meu peito,

E a lua cheia vela meu sono.

Ao amanhecer em sua despedida,

Posso ver as lágrimas vertidas.,

É só me esticar, dar uma corrida,

Pelos pequenos jardins da praça,

E encontrá-las sobre a grama e as flores.

As lágrimas dos meus amores,

Transformadas em doce orvalho,

Logo, logo, serão derretidas.

Ah! Sinto tanta falta de carinho.

Me sinto estranho neste ninho,

Mesmo não tendo a quentura

De uma cama, e a maciez

De lençóis limpos e imaculados,

Meu corpo desliza feliz,

Entre os papéis amassados,

E o cobertor improvisado.

Enquanto a alma voa,

Para um país encantado.

Morto, livre de humanos desejos,

Posso encontrar minhas amantes,

Entre os astros brilhantes,

Lá estão elas de mãos dadas,

A me esperar sorrindo,

Eu as encontro todo radiante,

Serei como elas astro brilhante.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 18/09/2010
Código do texto: T2506396
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