Ser o que cabe em mim, na minha poesia
Ser eu mesmo
meu poeta,
engendrar-me
em todas as criaturas.
Todas:
Inclusive as mais sórdidas.
Ser todas as constelações,
todos os astros:
Ser eu mesmo
e o sol,
ou um demônio,
ou a estrela polar, na cauda
[da ursa maior,
ou um rio poluído.
Ser pequenino em forma
- efêmero –
e poder alcançar
na matéria abstrata
o infinito.
Esquecer o gosto do ferro
na vaidade das coisas tangíveis
e mergulhar,
e ficar ali
em silêncio
dentro de mim mesmo
e de tudo
- concomitantemente -
que eu possa ser
dentro da minha
poesia.