Ser o que cabe em mim, na minha poesia

Ser eu mesmo

meu poeta,

engendrar-me

em todas as criaturas.

Todas:

Inclusive as mais sórdidas.

Ser todas as constelações,

todos os astros:

Ser eu mesmo

e o sol,

ou um demônio,

ou a estrela polar, na cauda

[da ursa maior,

ou um rio poluído.

Ser pequenino em forma

- efêmero –

e poder alcançar

na matéria abstrata

o infinito.

Esquecer o gosto do ferro

na vaidade das coisas tangíveis

e mergulhar,

e ficar ali

em silêncio

dentro de mim mesmo

e de tudo

- concomitantemente -

que eu possa ser

dentro da minha

poesia.

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 11/09/2010
Código do texto: T2491636