DESEJOS

Os desejos humanos

são como gases inflamáveis

basta uma faísca qualquer

para acontecer incêndios

de proporções imedidas.

São lacunas invadidas

impedidas de reagirem

aos estrondos extravagantes

dos anseios vulcânicos

dos instintos em ebulição.

Vêem de dentro,

mas entram pelos olhos,

pelo toque, pelo som,

pela vontade aliciada.

Invadem os sentidos

enloquecidos

afeitos às satisfações.

Não se guardam aos perigos.

Medos incontidos?

Nem pensar...

Querem sedução,

não importa o calão

basta um simples olhar.

Atiram-se ao menor

galanteio voraz.

Se atiçados estão,

dão evasão,

a fantasias banais.

Sussuros malgrados,

esvaem-se degredados

às perdidas paixões.

Quando agonizantes,

perdem o apetite

que os nutria.

Mesmo assim

procuram em si

os últimos suspiros

que os seduzia.

Por fim,

sem equilíbrio,

jazem esquecidos

no túmulo mórbido

do inerte ser.

Então, onde o prazer?

Em seu desvario,

sombrio,

sumiu.

Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 25/09/2006
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