DESEJOS
Os desejos humanos
são como gases inflamáveis
basta uma faísca qualquer
para acontecer incêndios
de proporções imedidas.
São lacunas invadidas
impedidas de reagirem
aos estrondos extravagantes
dos anseios vulcânicos
dos instintos em ebulição.
Vêem de dentro,
mas entram pelos olhos,
pelo toque, pelo som,
pela vontade aliciada.
Invadem os sentidos
enloquecidos
afeitos às satisfações.
Não se guardam aos perigos.
Medos incontidos?
Nem pensar...
Querem sedução,
não importa o calão
basta um simples olhar.
Atiram-se ao menor
galanteio voraz.
Se atiçados estão,
dão evasão,
a fantasias banais.
Sussuros malgrados,
esvaem-se degredados
às perdidas paixões.
Quando agonizantes,
perdem o apetite
que os nutria.
Mesmo assim
procuram em si
os últimos suspiros
que os seduzia.
Por fim,
sem equilíbrio,
jazem esquecidos
no túmulo mórbido
do inerte ser.
Então, onde o prazer?
Em seu desvario,
sombrio,
sumiu.