o rio que fala
Apego-me nesta prosa
Estática e frisada,
Com conceitos desesperados,
Para que se possa mudar
O seu pleno regaço.
Na jangada que viajo
Sei que não posso parar,
Nada virá me deter,
Mas eu irei até o fim
Para esta jornada completar.
Olho para este rio e ouço
Sua voz ativa, que me diz:
Eu estou morrendo! Morrendo
Por causa do vosso egoísmo...
Tenho nojo deste limo,
Que me entope, e enfurece
Meus nervos aquarianos.
Nesta poluição barrenta
Que recebo desta gente
Sem amor e piedade.
Eu falo por mim mesmo
E desabo em lágrimas,
Destruo-me e retraio
Este maço de poluição,
Que pousa sobre minhas águas.