DE(CISÃO)
Às vezes
é preciso
cortar a mata
cortar a estrada
o pulso, o ventre
pra parir
algo imprudente
Nem sempre
o corte sangra
mas, então
dói, zanga
outro tanto
estanca
e não arranca
de dentro
a decisão
Em alguns casos
é um corte espiritual
invisível
como um corte
de um fio d'água
feito pelo fio da espada
ou um corte superficial
sobre o dorso do rio
que ri em seu leito
da dor do desvario
Por certo
se corta rés
se corta a raiz
se corta ou não
fica por um triz
da faca, do estilete
do canivete, da serra
da perícia do bisturi
da lança que lança
a palavra
e produz a cicatriz
que fecha esse poema!