DESNEXO
Desperto num aposento medonho.
Uma alcova miserável de medidas,
subtraída de mobília, paredes e tintas.
Tem um piso íngreme que me engole os pés
e um teto que me golpeia a cabeça.
Um teto de forro lúgubre e calamitoso...
O aposento é isento de portas e janelas;
sem vãos mínimos para o ar das oressas
Ou frestas destinadas aos olhos...
Encontro-me nele isento de vestes,
carente de amores e onerado de dores
e desafetos quiméricos, fantasmagóricos...
Assisto-me num misto de sonho e solidão,
realidade onírica e devaneio paranóico.
Desgosto-me deste vivenciar complexo,
de senti-lo; de tocá-lo; de vê-lo; de odiá-lo...
de descrevê-lo ao tempo que, dele, escapo
Ao arrastar-me neste poema por seu desnexo